sábado, 6 de setembro de 2008

PERDI A VIRGINDADE NA ALDEIA - VOLUME 2

Ontem senti-me a égua do cavaleiro português dos Jogos Olímpicos Miguel Ralão Duarte “a égua entrou em histeria a olhar para o ecrã”, e por isso publiquei aquele emocionado post.

Depois de ter sido escrito fiquei mais umas duas horas na festa. Acho que se a administração da Disneylândia tivesse presenciado faria uma atracção temática chamada Senhor do Calvariolândia, onde o Mickey tocaria acordeão, e cantaria “encosta a tua cabecinha na minha maminha.”

Ao longos dos milhares de segundos seguintes foram passando pelos meus ouvidos músicas com frases como “a cabra da tua tia, a vaca da tua prima, a sogra que vá para o raio que a parta.”



A meio de uma destas músicas o cantor, Dinis Rodrigues, disse: “vão até ao nosso site e podem sacar o nosso cd inteiro e não têm de pagar nada. Não vale a pena explicar o que têm de fazer, porque são jovens e percebem das novas tecnologias”.

Ao meu lado duas velhotas, que deviam ter nascido no século 16, disseram uma para outra: “o que é que ele está para ali a dizer?”

No ar misturava-se o cheiro da febra com a sardinha, sem haver presença da Asae. Espalhadas pelas barraquinhas estavam os papeis a dizer: “A comissão de festas não se responsabiliza por qualquer acidente que possa ocorrer.”
Só me deu vontade de perguntar às pessoas que faziam uma fila estilo primeiro dia da Expo '98: “mas vocês são loucos?!? Como é que têm coragem de comer num sítio que não se responsabiliza pela qualidade?! Estão com instintos suicidas?! Estão a treinar para se fazerem explodir em Israel?!”

A barraquinha das rifas, bem... era mais uma barraquinha cabriolet, tinha prémios que fariam o próprio Gandhi atirar-se para debaixo da primeira pata de elefante que encontrasse: cães de peluche, que já tinham tido peluche, mas que agora estavam calvos e necessitariam de Propecia. Bonecas que até uma loja do chinês deitaria para o lixo por falta de qualidade (olhem para a fotografia e se não precisarem de Prozac, têm de ser estudados pela comunidade científica).


De seguida, e com a voz bêbeda de emoção, como se fosse a mãe do Ronaldo cada vez que o vê marcar um golo, Dinis Rodrigues disse: “E agora quero apresentar-vos uma pessoa. Não sei se sabem a nova série que a TVI está a fazer O Equador. Nela vai participar a minha filha. É esta menina linda que podem ver aqui neste poster (aponta para um poster gigante de uma loura, geneticamente semelhante à Mónica Sintra). Eu também entro. É uma participação curta. Mas deixo-vos com ela e não se esqueçam que ainda volto porque tenho de tocar a concertina.”

Magicamente ele desapareceu do palco e surgiu a filha a cantar com a sua banda. A Banda Direitos Reservados. Barriga à mostra, tatuagem a esconder-se por dentro das calças e uma confiança a pisar o palco que faria a Maria Callas tremer. Começou a cantar músicas com letras como: “és um mau actor e contigo não quero mais contracenar”. Sempre que uma música acabava, o teclista dizia:Ivete Sangalo, Ronalda, forró, e ela arrancava em covers.

Havia cada vez mais pessoas a dançar. Já não eram só senhoras de bigode com a comadre, mas também adolescentes que viram muito Morangos com Açúcar desejosos de tocar numa nádega alheia.

Estava a preparar para me ir embora quando a vi sorrir na minha direcção. Ela estava a engatar-me. Olhei à minha volta para confirmar que não havia mais ninguém e reparei que não era para mim, mas para um rapaz que estava mesmo ao meu lado e que cantava todas as músicas como se já tivesse visto aquele espectáculo 234 vezes. Ele olhava para ela como se fosse a Megan Fox.

De fato de treino azul, cabelo curto e argola de madeira no ouvido percebi que era um groupie. Ela tinha um groupie e o sorriso que lhe fez devia querer dizer que nessa noite iria haver festarola no camarim.


E foi emocionado com a perda da minha virgindade em festas populares que voltei para casa. Mais rico espiritualmente e a cantarolar “és um mau actor e contigo não quero mais contracenar”. Agora sim. Sou um homem mais completo. Um homem de verdade. Um aglomerado de músculos e sensibilidade.



Ps- Não resisti e fui ao site do Dinis Rodrigues. Estou extasiado. Xôô Camões. Vai dar uma volta Fernando Pessoa. "2004-DINIS RODRIGUES reaparece com mais um Disco de Originais, e desta vez, com forte promoção e aposta nas rádios locais, estando a ser um sucesso a nível internacional. Até para Tokyo vai tocar no próximo mês. Grande conquista, conseguiu abrir o coração dos amarelitos e principalmente, sem dúvida, das chinesas que não conseguem adormecer sem ouvir Amarte e, principalmente, a música do Grelinho."

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais umas duas horas na festa? Oh meu Deus se eu soubesse teria ido a correr, pois para além de o ver e pedir um autógrafo compraria também umas rifas, podia ser que me calhasse aquele quadro que está na foto ou umas peças de renda (ficavam tão bem lá em casa)...

Como se não bastasse o pai, ainda apareceu a filha?! Francisco aposto que, quando viu aquela moça sorrir na sua direcção, por momentos pensou que iria ter a noite mais louca da sua vida.

A música do Grelinho? Vou já fazer o download só espero que não venha com virús.

Bem não resisti e até eu fui ao site ofifical, a sério o meu Google nunca mais vai ser o mesmo!
Nome: EVA RODRIGUES
Alcunha: Pikinina
Adora: Dormir
Passatempos: dormir... dormir... dormir...
Experiência Musical: pouca...
Material utilizado: micro AKG (será para cantar?)

Nunca vi um curriculum tão bom meu Deus, a sério estou que nem posso, o meu coração não aguenta, FUI

Bjinhos