terça-feira, 10 de março de 2009

AS ORIGENS DA PRAIA DA SAUDADE - PARTE 4

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(continuação do post de segunda)


As origens de A PRAIA DA SAUDADE - parte 4


Ao longo das semanas seguintes, as conversas com o meu pai começaram a tomar vida própria e pareciam um texto com hiperlinks. Cada nova história dava a azo a novas histórias. Em pouco tempo passámos da experiência dele, para as experiências do meu avô, dos locais onde tinha estado preso, como a família lidara com isso, da visita da Pide lá a casa, e a outros antepassados da família.


Subitamente a história estava a ter uma amplitude e consistência que jamais esperava que fosse ganhar, sobretudo na noite que escrevera o esqueleto.


Cada vez que saía de casa do meu pai, por volta das duas da manhã, ia para casa escrever, a maior parte das vezes não sobre o que tinha ouvido, mas inspirado naquilo que tinha ouvido. Pequenos pormenores que o meu pai me contava davam lugar a histórias criadas do zero, misturadas com factos passados com ele ou com os meus avós.


Aos poucos a história estava a tornar-se numa mistura de ficção, mas com momentos totalmente fieis à realidade.


Ao longo do livro, começaram a aparecer situações com nome de pessoas ligadas à ditadura em situações que aparentemente parecem ser ficção, mas que se passaram na realidade com a minha família.


Dia após dia ia-me envolvendo com a história, de uma maneira como nunca me tinha envolvido com nenhuma história de nenhum livro que escrevera.


Pela primeira vez, um livro meu não tinha absolutamente nada de auto-biográfico, mas identificava-me mais com este livro do que com qualquer um dos anteriores, incluindo com o Homens Há Muitos.


Todos os dias queria voltar para o computador de modo a saber para onde a história daquelas personagens me iria levar.


E foi, mais ou menos a meio da escrita do livro que me veio o título do livro. A Praia da Saudade. Inicialmente era para significar algo, mas no dia seguinte passou a ser exactamente o oposto e veio a modificar completamente o rumo da narrativa. E pela primeira vez chorei ao escrever um livro.

(to be continued)

4 comentários:

Maria disse...

Estou desejosa que chegue Abril para ler o seu livro.É bom que o país não esqueça que a PIDE e a falta de liberdade existiram.E claro, com a sua escrita, vai ser um livro maravilhoso, de certeza absoluta!bj

Anónimo disse...

Secalhar o Francisco sente-se motivado porque apesar de não ser um livro de histórias suas, está cheio de histórias da sua família.
Cada vez me sinto com mais vontade que chegue Abril.

Joana Godinho disse...

Ola Francisco,

isto parece tortura. estou começar a ficar curiosa com os cabelos em pé.

tenho um questão: mantem a mesma escrita do anterior?

beijos
Joana

Anónimo disse...

Estou a ver que, com estes resumos, qualquer dia quem começa a chorar sou eu!
Dá para começar a imaginar uma história repleta de sentimentos.

Bjinho

PS.: AHAHAHAHAH EHEHEHEHEH IHIHIHIHIH LOLOLOLOL já que não se pode escrever o nome do senhor de risco ao meio no blog, adorei a piada das 8, está demais, vou já enviar um mail para o pessoal amigo